Foto: sxc.hu

sábado, 5 de setembro de 2009

Aleatório

Há tempos que ela não conseguia se adaptar as inúmeras regras que a religião da sua mãe impunha. Um dia lendo na internet sobre agnosticismo, decidiu ser agnóstica. Ah, é que não desacredito nem acredito... alguém alguma vez tentou lhe alertar sobre a futilidade desta auto-denominação desregrada: tem certas coisas, sabe, que não é por que a gente diz que a gente é, entende? Mas ela já tinha fundado sua própria religião, que era a religião do muro. Ser meio termo das coisas, quando não se sabe. Sabe-se que isso pode ser bom às vezes... só que ela já pensava que aquilo era sempre posicionamento filosófico e não impasse cultural ou intelectual. Faltava-lhe a chave para transmutar de um para o outro: motivação filosófica ou mesmo amparo do bom senso ou de argumentação um pouco mais coesa e sintética.

Mais cômica (ou trágica) a situação se tornava quando ela gesticulava para o mundo de forma sisuda, como se a cada movimento seu, as religiões viessem por terra, com seus argumentos de dúvida! E isso, ela fazia sem perceber que esse sentimento de dúvida era o que residia dentro de si e era estruturalmente mais fraco que o argumento daqueles que ela acreditava estar acima... Não percebeste que o que faz é simplesmente destruir e destruir? Não estás a construir nada com isso tudo!

E essa 'religião' dela, se proliferou...
e se disseminou para todos os campos!

Se se pudesse dividir em duas partes todas as coisas do mundo (mesmo não podendo-se, há um apelo didático incrível!...), vendo tudo isso, dividiria-se assim:

as que a gente consegue fazer sabendo

e

as que gente consegue fazer por sorte.

As que a gente faz por sorte, na verdade, a gente gesticula e depois chama o gesto daquilo que a gente quer (um sorrisinho de canto de boca nietzschiano surge aqui): começa-se em lugar algum e chega-se a lugar nenhum... só que esse lugar nenhum, os apressados tem a mania de chamar daquilo que queremos. Agora, se a gente sabe o que quer e faz, aí a história é bem outra. E aqui é bem a situação de conceituar o que não se deve!

Quem vê de fora, não entende a diferença de um para outro. E é por isso que é necessário olhar para o núcleo da situação: não se acredita nem se desacredita, é isso? O que leva a essa conclusão? Se você está tentando adivinhar, acho que você está "em desvantagem" com as religiões (por que elas não adivinham, mas crêem) e basicamente não quer seguir as religiões por que não consegue se adaptar, mas daí isso não tem nada a ver com elas, necessariamente, estarem erradas. Você pode afirmar, argumentativamente, que o problema não é seu?

Definitivamente não.

Nenhum comentário: