Foto: sxc.hu

sábado, 12 de setembro de 2009

Morte

Não compreendia exatamente o que queriam dizer por "o objetivo da vida é ser feliz" (Havia tempos em que já presenciava a ditadura da felicidade). Fazia seu trabalho honestamente e considerava que era esse seu objetivo, ser bom no que fazia. A felicidade era non-sense na mesma medida em que compreendia perfeitamente que, na verdade, era um trabalho que só alimentava as veias já grossas da burocracia que oprimia os que possuíam menos chaves para atravessar as portas kafkianas da justiça; apesar disso, entendia também que se não fosse ele, outros haveriam de vir e tomar o seu lugar.

Mas ele possuía outro trabalho: "apaziguador de dores imensas" ele se auto-denominava. Mas tal serviço circulava apenas nas bocas sujas das vielas de moços escuros, que anunciavam que a morte era só uma passagem e havia alguém que poderia lhe fornecer o "bilhete" para entrar neste mundo: havia muitas formas, desde cicuta à quase sublimação do conceito de dor num tratamento sem crueldade, feito porém com seriedade. Claro que, de antemão, ele sempre declarava que só cumpria seu papel de "sublimador" das vontades e que a escolha era da pessoa: por isso não cobrava, considerando o ato cumprido pagamento suficiente para sua própria auto-estima.

Para ele, a morte era só mais uma fase da existência.

2 comentários:

Ca disse...

e eu concordo...

Daniela Yoko Taminato disse...

... ou a fase da não-existência?