Foto: sxc.hu

sábado, 3 de julho de 2010

O barquinho

Era um barco pequeno.

Atravessava mares asiáticos e também, às vezes, alguns rios de águas mornas e leitos decorados com pequenas flores, como que parecendo pintadas após longos anos de trabalho árduo de algum artesão. Apesar disso, este barco vivia por si; nem lhe importavam os mares e os rios, em realidade, mesmo que sua finalidade objetiva fosse, simplesmente, de percorrer estes mesmos mares e rios...

Talvez, atracar à beira de um cais escuro e frio, sendo recolorido pela mescla da luz da lua e d'uma lamparina saudosa para ser retratado por algum pintor ainda lhe trouxesse algum brilho, mas ainda assim, o barco era por si só...

E nem que fosse inventada alguma teleologia para barcos: a não ser que assumissemos que sua finalidade era ser, no máximo que o hermetismo e a abstração permitissem, o protagonista não passaria de um amontoado de tábuas, metais e vidros.

É claro que, há de se convir, se não há portos almejados, basicamente se dirá que não portos para ir, mas apenas a necessidade de navegar.