Foto: sxc.hu

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Estorietas insólitas - Telemarketing

Estava lendo meus e-mails e toca o telefone:
- Alô?
- Alô? Com quem eu falo?
- Alberto.
- Ah, boa tarde, senhor Alberto. O senhor gostaria de um plano de saúde?
- Ah não, na verdade a gente já tem.
- Ah tá. Tenha uma boa tarde então.
- Não, espera aí. Como assim? Você não insistirá pelo menos duas vezes?
- Ora, o senhor não acabou de dizer que tem plano de saúde?
- Sim, mas... não é bem assim. Vocês operadores não têm uma espécie de norma entre vocês?
- Não que eu saiba, senhor.
- Não, espera. Tem alguma coisa errada. O que está acontecendo com as pessoas? Será que até as propagandas via telemarketing estão sendo banalizadas? Onde está o amor às coisas?
- Também não sei responder a isso senhor.
- Olha, vamos fazer o seguinte: eu passo um telefone de um parente meu e daí você liga para ele.
- Não estamos autorizados a fazer isso, senhor.
- Como não?
- Há uma lei que nos impede.
- Ah. E se você ligasse daqui há um mês? Talvez eu tenha largado o meu plano...
- Na verdade, não podemos retornar a ligação a um cliente que já tenha dito não, a não ser depois de três meses.
- Mas que, e desculpe a expressão, diabos de leis são essas que sempre nos impedem de travar diálogos amigáveis entre os outros seres? Bom, então me ligue daqui a três meses.
- Certo.
- Ah, que bom que entramos em algum acordo.
- Sim, senhor. Tenha uma boa tarde.

Obviamente que esta história não é totalmente verdadeira. Só resolvi escrever isso por que achei muito estranho um operador de telemarketing ligar e encerrar a conversa em menos de um minuto, apesar da resposta negativa. Mesmo no caso de bancos, como o banco Itaú, me parece que eles têm um padrão de exigir no máximo duas vezes... bom, pelo menos isso no caso do cartão de crédito deles. Acho que isso deve ter a ver com o fato de eles não estarem correndo atrás de quem não quer as coisas deles... se a pessoa disse que não quer, o banco corre atrás de outra pessoa.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O Vôo

Estou a um passo de uma decisão gigantesca. E mesmo que seja uma decisão que provocará grandes mudanças na minha vida, eu vejo o fundo dela. À beira desta, me jogo. E enquanto caio, é como se eu começasse a perceber como é que são as pessoas felizes; de alguma forma, o peso que me foi tirado ao me jogar nesta decisão, transparece em toda sua forma. Agora, vejo que, as antigas asas acopladas naquela antiga armadura de chumbo que eu carregava e que me iludia pensando que por serem deste material me protegeria dos males sempre prontos a me atingir, na verdade me empurravam sempre para baixo, quando tentava alcançar a luz das coisas. Enquanto via outros seres, com suas armaduras de papel ou até com suas vestes, subiam alto tão rapidamente que mal via o seu trajeto. Aquela carapaça de alguma forma empurrava meu pensamento para o fundo também. E via os seres subindo e imaginava: logo, cairão aqui do meu lado, abatidos por uma flecha, pobres tolos... E, não lembro de tê-los visto voltar. Bom, é claro que, pelos caminhos que se pode tomar, outra flecha, outra pedra, muito distante dali talvez os tivesse atingido. Mas o vôo havia sido executado. Haviam escapado desta possível prisão segura! E eu, aqui permaneci, tentando me orgulhar de como aquela carapaça era resistente, brilhava,... mesmo não podendo voar! Ainda há de se imaginar que este vôo pode ter sido feito ao redor de uma chama violenta e isto tê-los cegado de tal forma que eles se jogassem ao suicídio nesta chama, mesmo inconscientemente... Mas, percebia que ainda não era argumento para eu não voar... O fato era de que eu tentava carregar uma armadura que nunca foi minha... achei-a jogada em um canto e assumi como minha, já que era lustrosa e talvez evocasse aos outros que a minha pessoa sofria por algo grandioso! Grandiosidade que residia na armadura e que passei a assumir como minha. Ainda, não voava, mas possuía algo que reluzia, que trazia compaixão e admiração a muitos... até que certo ponto sofrer apenas para os outros é algo tão grandioso assim? Talvez eu tenha buscado coisas além da minha capacidade ou coisas que sentia falta em meu espírito... e tentei repô-las com estes adornos absurdos... Sei que agora que vou voar, as flechas voarão muito próximo ao meu peito... e não haverá proteção! Talvez ainda me jogarei a muitas armadilhas por algum tempo, não aceitando o fato de não poder ter carregado tal armadura. Mas depois, estando em vôo, estarei tão alto que verei lá de cima, aquele vale em que eu estava preso, com respeito e admiração, por ter aceitado largar aquelas vestes metálicas que não eram meu número... deixei-as para quem as quiser e puder, com certeza, carregá-las.

Ps.: Uma frase que resume o objetivo do que está escrito aqui:
"Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes."

Renovação

Outra coisa a se dizer, é que, depois de ler alguns livros da coleção da Folha sobre arte, comecei a perceber a forma como os artistas se comportavam perante a natureza... e comecei a pensar sobre isso comparando com uma época em que comecei a parar de ouvir a 6a sinfonia de Beethoven só pelo fato dela ter temas da natureza e eu não me considerar tão ligado à ela assim... mas depois de ter folheado os livros, vi que a idéia não é só essa. Tem bastante a ver com o fato de que era na natureza que eles buscavam a resposta para as suas inquietações. Bom, pelo menos me livrei do Adagio de Albinoni (se bem que, ele sempre volta; é o que parece)...

"Perfeccionistas"

Acho que tem se tornado formal demais esse blog. Seria muito mais razoável ele ficar mais pessoal (hum, quer dizer, contraponho formal x eu?...); há algo até engraçado que me ocorreu, ao ver uma descrição no orkut de um certo indivíduo, que me proponho a contar, desde que considero que valha a pena: na descrição, o moço dizia sua idade, qualidades e em defeito estava bem assim: perfeccionista. Oras, querer fazer o melhor possível agora é algo ruim... e aqui é que reside a graça: é óbvio que o lado ruim do perfeccionismo é que talvez se demore demais para concluir um trabalho por causa do esmero com que se faz as coisas... mas, e veja bem isso, é engraçado pensar que a intenção é passar aos outros que o defeito dele não é totalmente algo ruim e, na verdade, é mais qualidade que algo deficiente nele próprio... é como se se dissesse: "ah, o meu defeito é que sou bom demais...","o meu defeito é que eu não tenho defeito" (e isto soa bem paradoxal...); como essa gente se agüenta?