Foto: sxc.hu

sábado, 23 de outubro de 2010

A-firmação da incompletude

Não era desejado com furor, estando longe de ser um grande galã.
Não era admirado, como grandes gênios.
Não era visto como um ator, de grande plasticidade social.
Não era considerado funcionário do mês, nem pelos clientes e nem pelo seu chefe.
Não era destemido, para que lhe reconhecessem a coragem.

Nunca projetou sua sombra com grandes realizações sobre outras pessoas e nunca foi essencial, a não ser a si mesmo.

Mas ainda assim, estava vivo, e não sendo nada do que foi dito, ainda assim, por saber disso, aceitava, enquanto soubesse que, realmente, aquilo tudo não importava para ser tudo o que era agora e o que queria ser. Não que não pudesse (não se sabe se poderia, a não ser a princípio), mas via que sentir-se incompleto por aquilo tudo é que lhe daria incompletude real.

Aliás, foi na afirmação da negação é que se firmou o modo de afirmar-se.