Foto: sxc.hu

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Rotina burra

Acho que a rotina do serviço está me emburrecendo. Não tenho mais tempo de pegar num livro de verdade e me instruir... até aqueles momentos de reflexão, em que me perdia tanto que às vezes tinha que olhar novamente à janela do ônibus para ter certeza de que não havia chegado a meu destino, não os tenho presenciado muito.
É, isso é triste.
Lembro de quando era mais novo, em que ia nas bibliotecas próximas, pegar algum livro falando sobre o materialismo, algum outro falando sobre histórias medievais... eu lia, e de certa forma, absorvia. Hoje, se nem tenho parado para ler, imagine para absorver quando leio... Isso puxa o que uma vez li, de algum grego (sempre eles!), que dizia que não compreendia como alguém poderia ler mais que cem livros em toda sua vida. E, lembro também, que isso era adjuntado com o que disse Descartes: quem viaja muito em terras alheias, se torna estrangeiro em sua própria terra. Mas, claro, o pouco que leio talvez esteja bem abaixo do que pensava aquele grego ou Descartes.
Foi só um desabafo mesmo.
Compreendo que não é só não ler que é problema. É falta de usar o cérebro de verdade.

sábado, 16 de maio de 2009

Inusitação

Passados 13 anos (sim, 13 anos!) eis que revejo o quase porquinho-da-Índia num ponto frio e qualquer da Paulista. O curioso é que isso se sucedeu no campo das impossibilidades: multiplique a impossibilidade de se praticar um reencontro com uma pessoa que você nunca teve contato e não conhece nada sobre sua vida (bom, descobri, na verdade, que no último ano ela mudou de escola), pela impossibilidade de encontrar no mesmo horário e, ainda, esperarmos que ocorra dessa pessoa perder o ônibus, no ponto em que você observaria estupefato... altamente improvável!

Eis que pulamos para a cena seguinte: está o indivíduo agora disposto a saber se essa possibilidade remota ocorreu! Antes de mais nada, mune-se da certeza dessa impossibilidade do acontecimento e fica pasmo. Logo depois (umas 10 paradas depois, que passaram voando), veste sua teoria de jogos sem derrota, só para saciar sua curiosidade esfaimada. Começa a partida:

- Oi, posso fazer uma pergunta estranha?
- Pode...
- Seu nome é Isabella?
- Sim... você me conhece?
- Ahn... você estudou no Luiz Gonzaga, não foi?
- Foi, mas faz muito tempo; foi em 2000.
- Hum, você lembra de um japonesinho que ficou te olhando, olhando, olhando e olhando?
- Não...
- Ah, então, era eu...

Depois pensei comigo: sim, uma partida sem derrota, foi o que aconteceu aqui! O que eu ganhei? Inusitação! Isso!

Se em um jogo não se pode perder, por que não jogar?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A imbecilidade do anti-governismo de alguns moleques ou sobre "Por que o papai e a mamãe do deficiente não o levam de carro?"

Vou contar sobre uma frase que, por falta de fones, acabei interceptando (seria bom que eu não tivesse ouvido. Só constatei como a alienação e a falta de bom-senso estão espalhadas por aí.)

- Eu acho uma hipocrisia do governo colocar esses bancos para deficientes nos ônibus. Isso é coisa para inglês ver. Eles deveriam dar carros para os deficientes.

Vou "contra-argumentar" (se pelo menos essa bobagem dita anteriormente se constituísse como um argumento, eu poderia tirar as aspas.):

1 - O governo NÃO deve incentivar o uso de transporte rodoviário. Isso por que geram custos maiores que dos outros tipos de transportes, com rodovias, acidentes que ocorrem devido à tais vias, poluição de todo o tipo e congestionamentos.

2 - O governo gastaria só com o carro? É claro que não. Quem pagaria o IPVA? Quem pagaria o seguro? E a manutenção? E os estacionamentos? E se o deficiente não tivesse condições de pagar nenhum desses?

3 - E se o deficiente não quisesse andar de carro? É escolha dele, não é? É DEVER do Estado fornecer transporte público.

Fora isso, me faz lembrar de uma mulher que reclamou que esses ônibus com assentos para deficientes são inúteis, por que ela nunca via sendo usados... ainda bem, né, minha senhora... senão estaríamos tendo um verdadeiro surto de poliomielite ou coisa do gênero... Detalhe: eu vi umas três pessoas com algum tipo de deficiência, durante todas as viagens de ônibus que fiz, desde o começo do ano passado e só 2 dessas usaram o lugar reservado, por que uma delas se viu obrigada a tomar um ônibus sem tal acessibilidade.