Foto: sxc.hu

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Numa rua qualquer de Hekinan...

Nas ruas estreitas de Hekinan, um carro quebra o silêncio e a luz de seu farol parte meu quarto de operário, alugado, em um clarão e eu mesmo. Nele, o calor de um aquecedor garante que eu não morra de frio. Só as cobertas não dariam conta. Enquanto não durmo, penso sobre como o silêncio é quebrado por esses carros japoneses. Concluo que o silêncio é o mesmo e os carros, em
realidade também o são. Percebo que o silêncio é quebrado por que ele passa a existir, já que enquanto residente no país que nasci, esse silêncio sempre foi inútil para tentar me chamar a atenção sobre as sutilezas espalhadas debaixo de cada sombra de árvore. Mas, quando você está numa situação destas, em que as pessoas não te compreendem direito e você não consegue se
comunicar com elas, as asas coloridas das moscas brilham ao sol e tudo passa a existir. E depois, quando estou aqui, atrás desta tela, sendo apenas um nome dentro de um link, link este espatifado em um servidor qualquer, lembro até do cheiro das coisas. Então, aí eu vejo, a saudade também é igual: não é bem saudade, é querer estar fora de tudo isto. E estando fora, volto a querer estar dentro. Ainda não é possível, por meios simples, apenas não estar em lugar nenhum: o homem é um bicho que sonha.

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