Foto: sxc.hu

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Primavera negra

Insólita noite em que fois coroada
rainha de ébano do rubro cetro
a buscar seiva de luzetro
com vigor de erótica balada:

arfei ritmado e febril
entre colunas com prazer sulcadas
como em devaneio primaveril
a soar sonoras cavalgadas,

em belo prado de prazer
que em beleza abunda.
Na tua suspiração profunda,
vi teu rosto esmorecer:

arqueando-se violenta e terna
percorri teus formosos montes
a ter teus olhos como lanterna
com deleite e espanto defrontes.

Que o eterno seja um lapso
livre como albatroz
no qual eu colapso
contra a solidão atroz

por destilar seu riso denso
do meu eu tão propenso
a se embriagar de tristeza
e da dor, da certeza.

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