Foto: sxc.hu

terça-feira, 31 de maio de 2011

Escape

A mãe, passeando com o filho, em meio a sua vida feliz, dava risada dos trejeitos do mendigo estirado no chão, tocando sua harmônica. Todos que passavam, riam do mesmo modo. Riam, porém, sem entender a piada.

O homem pobre (e que ainda se tenha consciência suficiente para não se permitir inverter a expressão sem perceber prejuízo poético) ali estirado, foi um dia um desses sorridentes.

Por que, um dia, veio à tona sobre como vendia sua vida, seus últimos minutos.
Largou tudo e foi viver como um asceta urbano.

Ele cumpria seu papel de jogar na cara dos transeuntes que havia algo de errado em tudo aquilo.
Ele sabia que seu grito era mais pronunciado sob trapos e mau-cheiro e sobre sua própria dignidade.

Não que fosse livre, por que, em realidade, nunca se está.
Mas era livre à sua maneira, e não à dos outros.

Um comentário:

Daniela Yoko Taminato disse...

a gente é sempre prisioneiro das coisas que escolhemos. O duro é nos escolher a que coisas nos prender.