Foto: sxc.hu

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fúria desmedida

Ao deparar-se com a morte sempre a espreita sua fúria intensificou-se: massacrava o tempo até que ele se adaptasse ao seu modo de ser. E as pessoas ao seu redor eram também levadas na torrente sempre constante da sua impaciência onde mal conseguiam respirar.

Sentia-se só. Sentia que sua diferença era demais.
Às vezes, nada valia a pena.
No murmúrio do vento à janela, as imagens vinham todas.
E, por isso, inventava histórias sobre a resistência disfarçada de essência...
E usava isso para modificar-se... e modificado, tudo ainda era igual.
Modificado, ainda eram somente as suas palavras e o murmúrio do vento as suas verdades básicas.
Modificado, ainda a alegria deveria sempre ser lembrada.
Modificado, a tristeza ainda eram os chinelos à beira da escada.

O tempo é apenas o campo onde ele massacra o tempo.
Carrasco.

2 comentários:

Daniela Yoko Taminato disse...

O massacrado e o campo são o mesmo sujeito? Então você tá lutando não com o tempo, mas com aquilo que é tudo ao redor: tudo aquilo que não é você (ou de repente, é!)

Alberto K. disse...

O tempo desapareceu. Ele só existe na medida que o personagem massacra o próprio tempo para conter a sua fúria desmedida. Quer dizer, ele não vive mais, a não ser para fazer as coisas correrem, como um jogo sem objetivos de um Cronos; só lhe importa que tudo venha naquele momento e depois, talvez, ele jogue fora: algo como um consumismo do tempo...

Algum dia, achou-se que havia mudado, mas não.

Bom, mas isso foi ontem. Talvez esteja-se sendo um pouco estratégico agora. =D