Ao deparar-se com a morte sempre a espreita sua fúria intensificou-se: massacrava o tempo até que ele se adaptasse ao seu modo de ser. E as pessoas ao seu redor eram também levadas na torrente sempre constante da sua impaciência onde mal conseguiam respirar.
Sentia-se só. Sentia que sua diferença era demais.
Às vezes, nada valia a pena.
No murmúrio do vento à janela, as imagens vinham todas.
E, por isso, inventava histórias sobre a resistência disfarçada de essência...
E usava isso para modificar-se... e modificado, tudo ainda era igual.
Modificado, ainda eram somente as suas palavras e o murmúrio do vento as suas verdades básicas.
Modificado, ainda a alegria deveria sempre ser lembrada.
Modificado, a tristeza ainda eram os chinelos à beira da escada.
O tempo é apenas o campo onde ele massacra o tempo.
Carrasco.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Fúria desmedida
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Alberto K.
, escrito em
11:36
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domingo, 28 de novembro de 2010
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma…
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar extático da aurora.
Vinícius de Moraes
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Alberto K.
, escrito em
20:27
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terça-feira, 16 de novembro de 2010
Bússola
Nem ele mesmo creu.
Mas foi lá, e acompanhou-a por apenas dez minutos, até sua casa, mesmo tendo viajado duas horas somente para isso, desnorteadamente:
- Vc é doidooooo! - exclamou ela.
Um coração selvagem bateu mais forte.
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Alberto K.
, escrito em
23:45
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Marcadores: amor, texto-minuto
domingo, 7 de novembro de 2010
Microtextura
Há uma parte do mundo que está escrita de forma oculta a certos olhos...
a sensibilidade aos supostos pequenos movimentos desvela a sutil camada que abriga muito do complexo emaranhado de angústias, alegrias, incertezas e tudo aquilo que molda o ser humano, sendo que o próprio desvelamento já era metadesvelamento...
De um ouvido surdo, pelo constante contato com a reificação pragmática, não ouvia-se o passar por cima das vontades, de esquecer do homem e só lembrar das estruturas...
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Alberto K.
, escrito em
15:02
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Marcadores: espelho, reificação
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
No caminho do chicote, andam os que nascem para morrer...
Não aceitaria ajuda que lhe largasse sozinho.
Poucas palavras, muitos significados.
Explicar demais é matar poesia.
Por
Alberto K.
, escrito em
02:34
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Marcadores: reificação, texto-minuto