Foto: sxc.hu

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Aspereza no dizer

Antes havia mais poesia em mim. Hoje, sou um bicho gracilianesco... solto muitas palavras de meio palmo, mas que entram com aspereza nos ouvidos despreparados (e por que deveria alguém preparar os ouvidos para essas coisas?). E tenho sofrido as consequencias disso: por que se me dizem que são gigantes, aqueles com os quais tenho que lutar, nunca chutarei a hipótese de que são moinhos... e lá vou eu a labutar pelo suspiro derradeiro do dito cujo. E é por isso que não sei mais escrever fora de mim, tudo remete a qualquer coisa que eu tenha pensado um dia... a objetividade me cegou com solipsismo (apesar de que, nem eu mesmo pareço com algo que se chame de "verdade")...

Hoje, escrevo poesia que nem uma coisa que se mexe no meio da palha: roda, senta, se acomoda, fuça... mas é basicamente para se aconchegar. Ele não compreende o ato. Só o faz. Eu, não compreendo nada de poesia: só escrevo quando quero me aconchegar, jogo palha pro alto, sinto o cheiro dela... não extravaso a palha, não dissocio-a do vegetal... é tudo como vejo. E se tento ir mais longe... me perco.

Apesar de que, a vida é para se perder mesmo.

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