Foto: sxc.hu

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O Vôo

Estou a um passo de uma decisão gigantesca. E mesmo que seja uma decisão que provocará grandes mudanças na minha vida, eu vejo o fundo dela. À beira desta, me jogo. E enquanto caio, é como se eu começasse a perceber como é que são as pessoas felizes; de alguma forma, o peso que me foi tirado ao me jogar nesta decisão, transparece em toda sua forma. Agora, vejo que, as antigas asas acopladas naquela antiga armadura de chumbo que eu carregava e que me iludia pensando que por serem deste material me protegeria dos males sempre prontos a me atingir, na verdade me empurravam sempre para baixo, quando tentava alcançar a luz das coisas. Enquanto via outros seres, com suas armaduras de papel ou até com suas vestes, subiam alto tão rapidamente que mal via o seu trajeto. Aquela carapaça de alguma forma empurrava meu pensamento para o fundo também. E via os seres subindo e imaginava: logo, cairão aqui do meu lado, abatidos por uma flecha, pobres tolos... E, não lembro de tê-los visto voltar. Bom, é claro que, pelos caminhos que se pode tomar, outra flecha, outra pedra, muito distante dali talvez os tivesse atingido. Mas o vôo havia sido executado. Haviam escapado desta possível prisão segura! E eu, aqui permaneci, tentando me orgulhar de como aquela carapaça era resistente, brilhava,... mesmo não podendo voar! Ainda há de se imaginar que este vôo pode ter sido feito ao redor de uma chama violenta e isto tê-los cegado de tal forma que eles se jogassem ao suicídio nesta chama, mesmo inconscientemente... Mas, percebia que ainda não era argumento para eu não voar... O fato era de que eu tentava carregar uma armadura que nunca foi minha... achei-a jogada em um canto e assumi como minha, já que era lustrosa e talvez evocasse aos outros que a minha pessoa sofria por algo grandioso! Grandiosidade que residia na armadura e que passei a assumir como minha. Ainda, não voava, mas possuía algo que reluzia, que trazia compaixão e admiração a muitos... até que certo ponto sofrer apenas para os outros é algo tão grandioso assim? Talvez eu tenha buscado coisas além da minha capacidade ou coisas que sentia falta em meu espírito... e tentei repô-las com estes adornos absurdos... Sei que agora que vou voar, as flechas voarão muito próximo ao meu peito... e não haverá proteção! Talvez ainda me jogarei a muitas armadilhas por algum tempo, não aceitando o fato de não poder ter carregado tal armadura. Mas depois, estando em vôo, estarei tão alto que verei lá de cima, aquele vale em que eu estava preso, com respeito e admiração, por ter aceitado largar aquelas vestes metálicas que não eram meu número... deixei-as para quem as quiser e puder, com certeza, carregá-las.

Ps.: Uma frase que resume o objetivo do que está escrito aqui:
"Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes."

3 comentários:

Rafael disse...

Acho que enfim você chegou à conclusão de que carregar a "armadura de chumbo" não vale muito a pena. Já é um excelente começo.

E você escreveu um belo texto sobre isso. Parabéns.


PS.: Acho que o fundo azul com a letra branca não ajuda muito na leitura do texto... começa a "embaçar" a vista (é, acho que estou ficando velho...)

Alberto K. disse...

Parece que o conj. dos leitores assíduos desse blog é não vazio.

Alberto K. disse...

E de qualquer forma, a transferência agora é só no semestre que vem.