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sábado, 23 de outubro de 2010

A-firmação da incompletude

Não era desejado com furor, estando longe de ser um grande galã.
Não era admirado, como grandes gênios.
Não era visto como um ator, de grande plasticidade social.
Não era considerado funcionário do mês, nem pelos clientes e nem pelo seu chefe.
Não era destemido, para que lhe reconhecessem a coragem.

Nunca projetou sua sombra com grandes realizações sobre outras pessoas e nunca foi essencial, a não ser a si mesmo.

Mas ainda assim, estava vivo, e não sendo nada do que foi dito, ainda assim, por saber disso, aceitava, enquanto soubesse que, realmente, aquilo tudo não importava para ser tudo o que era agora e o que queria ser. Não que não pudesse (não se sabe se poderia, a não ser a princípio), mas via que sentir-se incompleto por aquilo tudo é que lhe daria incompletude real.

Aliás, foi na afirmação da negação é que se firmou o modo de afirmar-se.

2 comentários:

Daniela Yoko Taminato disse...

Sempre é mais fácil falar do que a gente não gosta pra descobrir o que gosta. Afirmar existência a partir do que não existe em nós é válido. Nossa existência é feita de muitas inexistências. "Completude" não é transformar todas as inexistências num existir. Não almeje uma "incompletude" real. Acho que sentir-se completo tem a ver não com sonhos, mas com o sonhar.

Alberto K. disse...

Mesmo por que, em certo casos, sentir-se completo pode ser a indução de conceitos mercantilistas dentro de nós mesmos... a mesma coisa com a idéia de perfeição: buscar perfeição aos moldes que nos impõe é uma das coisas mais absurdas que existe, e somente os falsos loucos (i.e., alienados) caem nessa conversa fiada...

E sim! Não dizem que o escuro existe pela ausência do claro? (ou vice-versa!)