Foto: sxc.hu

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Escrever...!

Um ruído arranhava o resto de zunido zincoso e zeugmático da escuridão noturna, com a permissão etílica dos anfitriões da noite.


Volto para a cadeira e continuo a soletrar expressões metalinguísticas como esta, à espera da conclusão em forma de texto sereno, originado da torrente de idéias picotadas e molhadas que andavam à se apoiar nos verbos e substantivos soltos que boiavam nas horas preguiçosas com tempo de sobra.

Ocorre-me então de tentar dar um porquê de metaforizar, dado que a metalinguística sucumbiu perante a coesão. Inicialmente, introduzo o debate apontando a possível pedância do ato e continuando o mesmo com a hipótese de que há aqui um lirismo necessário. Complementando a idéia lírica com a amplitude da significação poética, considero que havia era uma luta contra a ditadura semântica, contra o autoritarismo da objetividade pura e simples: por que, se é sobre as dificuldades que se molda a capacidade, por que é que os belos textos se moldariam em cima de alguns poucos significados? Não que houvesse infinitos, por que isso é hipótese descabida, mas mais que um, se houvesse beleza.

Valho-me ainda, se minha referência o permite, da frase: "Sua força deve ser pública e seus medos, privados. Compartilhe seus sorrisos, chore na solidão.". O significado disso textualmente me é: escrever é algo necessário para mim... mas não devo sair por aí alardeando desesperos... então, resta o deslocamento da significação para o plano da multiplicidade, de modo que o verdadeiro sentido se oculte... que seja hermético mesmo. Dirão: "Mas não interpretarão da maneira correta!" E responderei: "Tomara! Já o disse, escrever é necessário, mas não o é tomarem o desespero para si.". Se retrucassem "E se desvendarem?", diria eu: "Quer dizer que me meterei a Dédalo de novo...!"

A angústia e o escrever são inevitáveis, mas deve se evitar totalmente o desespero.

2 comentários:

Alberto K. disse...

Nota: talvez tenha sido o post que mais incubei, reescrevi e titubeei para postar!...

Ca disse...

Alberto, seus textos têm uma cadência e sonoridade únicas! E eu realmente não os entendo por completo. Ou nada. Bom, não tanto quanto eu gostaria. E é sempre um prazer lê-los :)